Em solenidade de Corpus Christi, padre rechaça obrigação de trabalhar no "dia de preceito"

Padre Tiago Hérick, durante homilia, na

celebração solene de Corpus Christi, em

Jaraguá. Fotos: Jaldene Nunes

Durante missa campal da solenidade de Corpus Christi, nessa quinta-feira (4), concelebrada pelos padres Cristiano de Araújo Sousa, Tiago Hérick Queiroz, Antônio Carlos Pereira Vieira e Agnaldo Alves Camargos, o pároco de Santa Edwiges não deixou por menos a intervenção do Ministério Público local, que apontou não sendo feriado o Dia de Corpus Christi na cidade.

Segundo a tradição católica, o Corpus Christi tem por objetivo celebrar o mistério da Eucaristia, o sacramento do corpo e sangue de Jesus Cristo.

Em pregação aplaudida pela multidão em pelo menos dois momentos, Tiago Hérick acentuou que, de direito, “o Dia de Corpus Christi não é feriado”, como foi dito, “mas é fato que, desde quando cada um de vocês se entende por gente, Corpus Christi é, sim, feriado”.

“Tudo para nesse dia”, argumentou o religioso, para quem o próprio Estado entende assim, bastando observar as várias instâncias do Governo para se vê que hoje é feriado.

“E, mais do que isso, se estende, dando ponto facultativo na sexta-feira. Então, é ou não é feriado?”, questionou Tiago.

Para o Ministério Público, com base em Lei Federal, os municípios podem ter até 4 feriados religiosos ou dias de guarda, criados por suas câmaras municipais, e Corpus Christi, em Jaraguá, não é um destes.

Indiferente à polêmica, Tiago enalteceu o direito da comunidade católica de manifestar ––“porque hoje é dia de preceito, é festa de guarda, sendo feriado ou não”–– a sua veemente fé na Eucaristia, a devoção e o seu amor a Jesus eucarístico, “que nos alimenta e nos sustenta todos os dias”, e destacou a presença dos fiéis na procissão e confecção dos tapetes.

Tiago Hérick disse não pregar a desobediência às leis, mas que também não se deve ser conformista.

“É fato, e não podemos, diante da nossa tradição religiosa, negar. Antes que o Brasil fosse fundado, já se celebrava o Corpus Christi. Quando o Brasil foi fundado, já se celebrou a Eucaristia. O primeiro evento público, quando surgiu a cultura brasileira, foi precisamente a celebração eucarística. Por isso, gozamos de um favor e de um direito que a história nos dá: se um dia o Brasil chegar a ser um país completamente secularizado e, se a maioria da população do país deixar de ser católica, nenhuma ideologia ou religião dominante poderá apagar os 500 anos de história, de evangelização, de trabalho fiel da Igreja, servindo a Deus e ao povo brasileiro. Quando a Nação nem existia ainda, e não tinha governo que fizesse nada pelo povo, a Igreja já estava lá fazendo”.

O pároco de Santa Edwiges sugeriu ainda que o Estado brasileiro, “que não é inconsciente”, respeita o direito da celebração de Corpus Christi, e considerou prudente valorizar essa tradição, mas sem deixar de se preocupar e de dar argumentos, pois seria muito triste ter impedido o direito de prestar culto ao Santíssimo Sacramento, nessa solenidade multissecular, “por conta de detalhes de interpretação da lei, da nossa orelha murcha e da pouca consciência de quem somos”.

“Por isso tomemos consciência de quem nós somos e valorizemos tudo o que a Igreja nos propõe no calendário litúrgico, nas festas, nas solenidades e nas ocasiões de manifestação pública da nossa fé”, conclamou.

REI E RAINHA COROADOS

Ao término da missa, foram coroados os novos rei e rainha da Festa de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, Paulo Filho e Ana Elisa, que sucedem José Maurício e Maria Isabel, e os novos juízes da Vara de Prata.

NOVO IMPERADOR

Também foi transferida a Coroa do Divino Espírito Santo, do casal imperial da Festa do Divino deste ano, Nilvan Braz e Danylla Moreira, para o novo imperador, Benedito José Trindade, e a nova imperatriz, Isabel Diogo Trindade.

Em seguida, acompanhado da Banda Santa Cecília, o cortejo do Divino Espírito Santo seguiu para uma confraternização na residência do novo imperador, no Residencial Santa Fé.